Lama
Em meus primeiros passos na fé aprendi sobre santidade. Foi me passada uma ideia em que estava subentendido a figura de Deus com vestes brancas, santo a ponto de não se permitir ser tocado. Ele se revela aos homens dizendo amar ao pecador, mas "odiar" o pecado e por isso, ser impossível conviver com a lama de seu pecado. “Não suje minhas vestes brancas!”, diria Yawé.
Hoje me foi revelado um Deus diferente tanto ao meu coração. Jesus desce do monte e toca o leproso imundo, pra sociedade, “amaldiçoado” segundo a lei de Moisés (Mt8). Percebi que no Novo Testamento é marca continua Deus descendo do monte para abraçar o tal "pecador imundo", na lama. No retorno do filho pródigo (Lc15.) o pai abraça o filho em sua imundice. O nome deste abraço perdoador em meio à lama se chama Graça.
Em Filipenses 2 a Kenosis é revelada num movimento em que Deus se humaniza por amor a sua criatura perdida e desce a lama. O Deus santo se aproxima do “absolutamente enlamado”, desce de sua glória e o abraça em nome de um resgate.
No fundo, a lama está nos olhos cegos de homens cuja religiosidade os torna "santarrões".
"Eu vim buscar os doentes, disse Jesus". Os "limpinhos" não precisam nem de água e nem de toalhas.